sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

APÓS TRÊS ANOS, MUITAS NOVIDADES!

Fiquei três anos sem escrever sobre os papos com minhas cadelas e meus sacis, portanto, muitas coisas mudaram de lá pra cá. Pra variar, mudamos de casa mais uma vez e, agora, além das irmãs Samba e Salsa, agregamos à família mais uma cadela, a Valsa, e, a grande novidade, o Tom, um gato siamês que “foi chegando sorrateiro e, antes que disséssemos não, se instalou feito um posseiro dentro do nosso coração”. A quantidade de sacis não aumentou e acho que por influência minha e da Lisa. O casal argumenta que fez a opção por não ter filhos, porque não se sente competente para criar sacizinhos, além de entender que é preciso melhorar este mundo para depois gerar um novo ser. Mais ou menos o que eu e Lisa pensamos sobre o tema, além de, é claro, colocarmos nossas artes como prioridade.

Com relação aos animais, passado o estresse inicial, tudo vem caminhando muito bem. A Valsa chegou para nós em maio de 2009, com apenas 5 meses, para conviver com duas irmãs gêmeas de 9 anos e com o casal milenar de sacis. Sabíamos que a relação seria difícil e notamos logo nos primeiros dias.

A Lisa, em conversa com a Samba e com a Salsa, na presença de Maracatu e Lambada, antes da vinda da Valsa, explicou que queria trazer uma cadelinha pra casa porque são muitos os animais que estão em instituições na expectativa de serem adotados e ela, Lisa, entendia que seria muito interessante ter uma novidade em casa. A Salsa ouviu e, como costuma fazer, quis dar um tempo para pensar melhor e não se manifestar abruptamente; diferentemente da Samba, que ficou toda ofendida e foi para o quartinho chorando. Lambada, que ouvira e se entusiasmara com a idéia, foi atrás da Samba para tentar convencê-la.

“Eles não estão felizes com a gente. Acho que é porque estamos ficando velhas.”, disse a Samba para Lambada, que foi decisiva na resposta. “Samba! Você é testemunha da quantidade de cães sem dono existentes nas ruas. Eles passam o dia inteiro pela nossa casa. Sei que você tem um grande coração e vai acabar achando bacana a vinda de uma cadelinha pra cá. Pense que o ambiente pode ficar muito interessante com essa novidade. E você e a Salsa podem adotá-la como a filha que nunca tiveram”. Nesse momento Samba se aquietou e pediu pra ficar sozinha. Lambada foi até a varanda e nos contou o diálogo. Salsa já havia se convencido e estava feliz com a vinda da cadelinha.

Quinze minutos depois, aparece a Samba na varanda. “Me perdoem, mas me sinto insegura diante de situações novas.”, disse Samba, que completou, “Admito também, que sou um pouco egoísta e reajo mal quando me sinto ameaçada.” Em seguida, colocou um sorriso no focinho e determinou: “Vamos começar os preparativos para receber a Valsa. Isso mesmo! Faço questão de escolher o nome.”

Uma semana depois, chegou a Valsa. É! Acatamos a “sugestão” da Samba.

No auge de sua infância e com o gás todo, Valsa entrou no quintal e, sem se intimidar com a presença de Samba e Salsa, passou o fazer o reconhecimento do espaço, correndo por todo o gramado num ritmo frenético como há muito não se via em casa. Salsa foi para um canto, como de praxe, esperar o agito inicial e tentar entender a personalidade daquela “menina”. Ela, a Salsa, parecia um daqueles cowboys, que coloca um fiapo de grama na boca e fica de cócoras olhando para o horizonte, na espera do ataque dos índios (Quem tem mais de quarenta anos vai entender a comparação). Samba não tirava os olhos da Valsa, querendo acompanhar a correria e até entrar nela, se houvesse uma brecha. Maracatu e Lambada entraram na brincadeira, um puxando o rabo da Valsa, outro colocando obstáculos pra que a Valsa desviasse. Foi assim, até que a Valsa resolveu conhecer suas novas companheiras. No primeiro contato, a Salsa deu um chega pra lá, mas a Samba foi mais receptiva e ali começava essa relação, com alguns arrancarrabos vez ou outra, mas tudo dentro do normal.

A coisa ficou diferente, quando, cinco meses depois, chegou o Tom. Mas essa história merece um outro artigo.

João Bid

5 comentários:

  1. Adorei toda essa prosa, esse clima, essa turma animada e culta. O dia em que eu puder participar dessa confraria vou ficar muito feliz.

    GRANDE ABRAÇO!

    ResponderExcluir
  2. João, que facilidade em transportar a gente pro seu mundo rico em prosa, som e arte!
    Beijo para as fofas. Precisam conhecer o Astor; ainda que ele seja um boxer com cara de "bavo".

    ResponderExcluir
  3. João,...sua prosa cai sempre na hora certa.....e relaxa.....e ... é gostoso 'sentir' essa interação entre a realidade e a beleza da prosa.

    Lindo.

    Ah......Um Beijão pra Lisa.

    ResponderExcluir
  4. Uma bela crônica, com personagens, reais, e cheios de vida e cultura. Um espaço muito bacana e digno de leituras e leituras e leituras.

    Grande abraço.

    ResponderExcluir