sábado, 10 de abril de 2010

UM TOM PARA SAMBA, SALSA, VALSA, MARACATU E LAMBADA

Mesmo sob os protestos de Samba, Salsa e Valsa, o Tom foi insistindo, aplicando dribles, se equilibrando no muro, e chegou à varanda. Hoje, ocupa uma das poltronas da sala de estar da nossa casa.

O gato apontava a carinha na coluna da frente de casa e as meninas ficavam loucas. Não paravam de latir. Maracatu e Lambada se posicionavam na janela e ficavam se divertindo com a farra que se armava.

Maracatu e Lambada, aliás, desde o início, sabiam que o Tom venceria essa parada e que, em pouco tempo, assumiria um lugar em nossa casa, como acabou ocorrendo. Os sacis sabem tudo, por isso, eu e Lisa perguntávamos como acabaria toda aquela bagunça, mas eles somente riam e pediam que a gente esperasse. Sabíamos que a ética dos sacis não permite que eles antecipem os fatos, mas ficávamos mais aliviados, porque entendíamos que a reação do casal apontava para um final feliz, porém, não conseguíamos deixar de nos preocupar.

Agora, quando o Tom está dormindo, eu e Lisa falamos sobre a aventura em que se transformou a chegada dele e rimos muito, mas, às vezes, somos interrompidos pela frase: “agora vocês riem, mas bem sabem o sufoco que passei”. É o Tom, com sua voz situada na fresta existente entre as vozes de Caetano Veloso e Seu Jorge. Sabe aquela voz meio macia, que vai do médiograve para o agudo, como a do Caetano, e com a potência, a força e a segurança da voz do Seu Jorge? O olhar é azul, mas traz um semblante sisudo, que sempre deixa a impressão de estar bravo. “Nesse mundo capitalista, a gente não pode ter um olhar ingênuo para não ser enganado”, diz o Tom, se dirigindo a mim, que ando sempre “desarmado”, por isso, exposto a ação dos mais espertos, segundo análise dele.

Todos devem estar curiosos para saber como está e como será o convívio das cadelas e dos sacis com o Tom. Eu e Lisa também estamos. É! Porque as coisas ainda não estão definidas. Maracatu e Lambada tem contribuído muito, já que as meninas, digo, as cadelas ouvem muito os sacis e estes tem conversado bastante sobre esse assunto com elas.

A Lisa me garante que a Salsa e a Valsa já estão apaixonadas pelo Tom e somente a Samba ainda resiste, mas continuo um pouco preocupado.

Chamei a Salsa e pedi sua opinião. A Valsa, que ainda é uma criança, nos interrompeu dizendo “eu acho o Tom lindo...”. “Espere um pouco Valsa.”, chamando a atenção da Valsa, disse a Salsa. “Nos vamos atrás da Samba, quando ela corre atrás do Tom, porque não deixo minha irmã sozinha nunca. Acho que temos que nos manter unidas.”, disse a Salsa, que se virou e perguntou, “não é Valsa?”. A Valsa, olhando pra mim e falando um pouco mais baixo, “É! Mas nós não podemos negar que o Tom é lindo”. “Não é disso que estamos falando”, definiu a Salsa, olhando firme para Valsa.

Conversei com a Samba em particular e ela me explicou que seu instinto se sobrepõe e ela não pode fazer nada. “Como a própria palavra quer dizer, instinto é algo que domina a razão e quando cismo de correr atrás do Tom, nada me segura”, me disse a Samba numa dessas conversas. Nesse dia, aliás, fiquei bastante animado e, ao mesmo tempo, com pena da Samba, porque senti que ela tem lutado contra seu instinto. Percebi que lá no fundo ela também começa a se apaixonar pelo Tom. Se já não estiver.

Se mantendo distante dessa negociação, Tom se mostra muito seguro ao dizer que não abre mão do espaço que conquistou e, além dos risos que nos provoca, nos deixa mais confiantes quando diz: “Fiquem tranqüilos, meu destino era este, vou dar o tom para esses ritmos todos que vocês tem aqui. Mais cedo ou mais tarde, vou conquistar as meninas.” Vira-se e volta a dormir.

João Bid

Um comentário:

  1. Fale para a Salsa que o Dunga , meu fox paulistinha , a aceitaria com muito carinho aqui no Eden.
    Ele ficou viuvo no ano passado, e´ muito simpatico e tem boa indole. E o melhor , fez vasectomia quando jovem.
    Decio O. Leme

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